segunda-feira, 21 de abril de 2008

Eduardo de Paula Barreto

PORTA

Passaram-se as horas, nem percebi,
Parecia não haver nada além das paredes,
Afastei os lençóis com os quais te cobri,
Inundado por ti, ainda me senti com sede.

Desejava que nossa existência se restringisse ao amor,
Eu não queria ter que voltar ao mundo real,
Pois envolver-me em ti me fazendo de cobertor
É como construir o meu paraíso pessoal.

O teu olhar sonolento e aquela voz rouca,
A tua mão suave e tão carinhosa,
Irresistível atração que me faz beijar tua boca,
Transformando um pequeno quarto na mansão mais suntuosa.

Acho que estamos condenados a morrer de amor,
Mas para mim nada mais importa.
Morrerei feliz mesmo que isso me cause dor,
Mas me recuso terminantemente a abrir essa porta.


ME RENDO

Não consigo dominar o meu pensamento,
Sinto-me profundamente irritado.
Só penso nela a todo o momento,
Terá meu cérebro sido roubado?

Incomoda não ter o controle total,
Não conseguir fechar as portas e janelas
Impedindo que de forma irracional
A cabeça seja invadida pela imagem dela.

Dormir na tentativa de fugir
É uma estratégia inútil,
Assim que fecho os olhos a vejo surgir
Até no sonho mais besta, mais fútil.

Mas que raiva eu sinto de minha fraqueza,
Não é justo que as coisas sejam assim,
Ou me submeto a ela como uma fácil presa
Ou ela me pune permanecendo dentro de mim.

Sou homem forte, maduro,
Mas reconheço que não adianta lutar
Contra o sentimento mais puro,
Me rendo, me curvo diante do verbo amar.

Eduardo de Paula Barreto


Site "O POETIZADOR"

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