sábado, 26 de abril de 2008

DOLCEMENTE

Quando o silêncio era a resposta esperada
Uma melodia surge do nada
E mais outra, e mais outra
E de repente a música se faz presente
Dolcemente

Um novo som por mim desconhecido
Mas que consigo tocar por inteiro
Começando em dó menor
Prosseguindo num Sol bem Maior.

É você aqui, agora, tão perto,
Desvendando meus acordes
E eu, perdida em seus movimentos
Tão certos

Sussurando-lhe em pianíssmo
Amami per sempre,
Dolcemente
Io arrendo a te.

Karla Julia

Site Campo de Orquídeas
Blog Campo de Orquídeas By Karla Julia

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Eduardo de Paula Barreto

PORTA

Passaram-se as horas, nem percebi,
Parecia não haver nada além das paredes,
Afastei os lençóis com os quais te cobri,
Inundado por ti, ainda me senti com sede.

Desejava que nossa existência se restringisse ao amor,
Eu não queria ter que voltar ao mundo real,
Pois envolver-me em ti me fazendo de cobertor
É como construir o meu paraíso pessoal.

O teu olhar sonolento e aquela voz rouca,
A tua mão suave e tão carinhosa,
Irresistível atração que me faz beijar tua boca,
Transformando um pequeno quarto na mansão mais suntuosa.

Acho que estamos condenados a morrer de amor,
Mas para mim nada mais importa.
Morrerei feliz mesmo que isso me cause dor,
Mas me recuso terminantemente a abrir essa porta.


ME RENDO

Não consigo dominar o meu pensamento,
Sinto-me profundamente irritado.
Só penso nela a todo o momento,
Terá meu cérebro sido roubado?

Incomoda não ter o controle total,
Não conseguir fechar as portas e janelas
Impedindo que de forma irracional
A cabeça seja invadida pela imagem dela.

Dormir na tentativa de fugir
É uma estratégia inútil,
Assim que fecho os olhos a vejo surgir
Até no sonho mais besta, mais fútil.

Mas que raiva eu sinto de minha fraqueza,
Não é justo que as coisas sejam assim,
Ou me submeto a ela como uma fácil presa
Ou ela me pune permanecendo dentro de mim.

Sou homem forte, maduro,
Mas reconheço que não adianta lutar
Contra o sentimento mais puro,
Me rendo, me curvo diante do verbo amar.

Eduardo de Paula Barreto


Site "O POETIZADOR"

sábado, 12 de abril de 2008

Soninha Porto

SEDE

Borbulha o champagne
vultos se amam
embriagados de gozo

misturas de pele
suam taças
em essências e mel

química perfeita
desejo do abraço

dança a cama quente
bebe o suor
até que a sede
se satisfaça.



VIBRAÇÃO

pés machucam
tapete de acácias azuis
o maior barato

vibram pele-flor
incontidos amassos
vomitam cheiro de mato

Soninha Porto

Blogs:
OLHAR À FLOR DA PELE
ESPAÇO ABERTO: CONEXÃO POESIA

segunda-feira, 7 de abril de 2008

EU LONGE

Choro sozinho
só eu sei o que me causa dor
sobre minha alma
almas desconhecidas
olho o céu e não vejo estrelas
ouço o mar bravio levar minhas vontades
não é verdade o que falam de mim
é tudo real o que invento
entro e me jogo
grito e emudeço
eu sei o lado certo
não sei acertar no alvo
só palavras desordenadas e um dia frágil
vou amanhecer e terminar meus dias
deixar de lado minha própria companhia
não me agrado
não me guardo
sou presa fácil
e minha saudade morreu
durmo e sonho
acordo e meu pesadelo está vivo
só tormentos e sensações
mistérios infindos e uma total falta de ar
vago e sei ouvir meus gemidos
chamo por anjos e demônios
não consigo erguer minha fortaleza
quando tudo estiver brilhante
vou hastear meu corpo e achar minha imensidão.

Walbes

Comunidade, 04 de Abril de 2008

sábado, 5 de abril de 2008

ALTAS HORAS DA MADRUGADA

Altas horas da madrugada
O sono não vem, pensamento voa
Sinto-me como as folhas de outono
Voando ao sabor do vento, ao relento
Já amarelas, desamparadas, sofridas.

Foram lindas, verdes, cheias de esperança
Dançaram felizes, junto às flores na primavera
De madrugada eram banhadas pelo orvalho
Assim era eu... bela e esperançosa
Sempre bailando pela vida à fora.

Altas horas da madrugada
Estou mergulhada em meus devaneios
Sinto-me como um lindo violino
Que abrilhantou tantas festas
Com seu doce e nostálgico som
Hoje, com as cordas quebradas, desafinado
Foi posto de lado... num canto esquecido.

Altas horas da madrugada
Sonho acordada, com tempos passados
Como as folhas de outono desprotegidas
Cá me encontro desagasalhada de amor
Como um violino já olvidado
Sinto meus sonhos perecer
Só restou saudades, solidão e dor.

Marielza Hage