terça-feira, 21 de outubro de 2008

Sidney Santos

SILÊNCIO

Ah, se o silêncio bastasse

Pra que você se respondesse

E de repente explicasse

Todo desinteresse


Aparecer de um libelo

Triste separação

Dois riscos paralelos

Tortas raízes sem chão


Extinguir de uma chama

Supressão de um calor

Desgosto de quem ama

Desilusão, muita dor


O silêncio não basta

Ao teu coração aflito

Pobre relação gasta

Onde a calada é um grito



ALMA

Quem poeta me fez

Tem nos lábios o sorriso

Possui brilho na tez

São seus cabelos lisos


Faz da tristeza alegria

Do feio beleza

Do intrincado a magia

Do inerte a natureza


Do pecado a inocência

Da escassez a fartura

Do castigo clemência

Do desconforto ternura


Faz do lance ação

Do silêncio melodia

Dos sonhos emoção

Uma estrela de dia


Tino para um viver

Mulher, só poderia!

Maravilha de ser

Seu nome, Poesia!










Sidney Santos - Poeta dos Sonhos

Site: Cappaz - Confraria Artistas e Poetas pela Paz

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Fanatismo

Minh'alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver !
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida !

Não vejo nada assim enlouquecida ...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida !

"Tudo no mundo é frágil, tudo passa ..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim !

E, olhos postos em ti, digo de rastros :
"Ah ! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus : Princípio e Fim ! ..."














Florbela Espanca

Fanatismo - Fagner e Zeca Baleiro

quarta-feira, 11 de junho de 2008

O tempo e o enxoval

__ Nãooooo moço… eu não quero mesmo esses lençóis de linho. Nem mesmo esses de puro algodão com cento e oitenta fios. Nem cem fios eu quero... Quero mesmo aqueles alí, algodãozinho estampado, flores alaranjadas e amarelas sobre o fundo branco. Que se danem os fios. Não quero que durem, quero que enfeitem. E que me deixem feliz só por vê-los, colorindo minha cama.

__ Na verdade não desejo que minhas fronhas sobrevivam aos meus sonhos. À mim mesma (como dizem que copos de requeijão sobrevivem a muitos casamentos). Quem amaria as mesmas cores que eu? Quem passaria a ferro as lindas fronhas estampandas com florzinhas... e sentiria seu perfume doce do amaciante predileto e suspiraria feliz ao colocar a cabeça no travesseiro macio, vestido com o doce tecido da escolha própria?

__ Eu desejo mesmo as fronhas de algodãozinho com florinhas laranja. E os lençóis de malha amarelos. E daí se malha acaba logo? Eu também me acabo a cada dia. Você acaba. Todos se acabam e se deformam e espicham mais de um lado que do outro. Nossos elásticos também não são eternos, assim como nossos tecidos. Envelhecemos, moço. Não sabia? Envelhecemos e ficamos flácidos e moles, como essas toalhas ficarão. Pra que então investir em peças eternas? Duráveis? Caras? Se vamos sofrer todas as formas de desgaste, todo tipo de decadência física, por que desejar que nossos objetos sejam mais felizes e permaneçam onde nós próprios não permanecemos?

__ Ah, isso é bobagem moço. Acredite em mim. Taças de cristal se quebram facilmente... escorregam das mãos, esbarram nas bordas da pia. Tudo o que tem valor real é frágil, etéreo, delicado. Nós, os seres, somos assim delicados. Quebramos, nos espatifamos, viramos pequenos cacos encarquilhados caso nos empenhemos na sobrevida. Copos grosseiros de vidro não se perdem facilmente... Duralex, eternex, suplex.... Tem coisas que caem e permanecem, o que não é o nosso caso. Não quero ficar pra semente. Nem me indispor com as estatísticas. Quero viver exatamente o que a média indica. Nem muito mais nem muito menos. Não sou melhor nem pior que ninguém. Sou um ser. Uma pessoa que poderá chegar aos 70, 80, 90 se tiver muita sorte, mas que verá a degradação da carne acompanhada da manutenção do espirito. Como todos. Pobres velhos corpos com alma nova e fresca! Pobre invólucro depauperado com o mesmo conteúdo.

__ Me traga tudo o que não seja de confiança, sim? A marca desconhecida que anuncia toalhas de banho macias e felpudas por uma ninharia. É o que eu quero. Quero que as coisas acabem. Quero ter o prazer de ter que sair e comprar novas coisas, para substituir as velhas; não permitir que as toalhas felpudas riam de mim, lépidas e novinhas enquanto meu corpo se debruça à lei da gravidade. Quero toalhas verde-limão, laranja, cereja, pink, amarelo ouro. Lindas e baratas. E perecíveis como eu.

Quero jogos de cama em malha, para que criem bolinhas, façam-se buracos, esgarcem... como eu.

Quero que meu sofá seja substituível. Reformável, no máximo. Humildemente consciente do seu pouco valor. Como eu.

A tinta da parede tem que desbotar, perder o viço, ser lavável. Como eu também.

Minhas panelas devem amassar caso esbarradas. Devem perder as tampas. Ser emprestadas e não voltar mais. Não ter teflon. Não ser do “jogo”.

Que o piso seja só um piso e não uma jóia no chão. E que eu possa pisa-lo sem culpa e sem dó. E todos possam caminhar sobre ele. E que eu possa troca-lo quando quiser sem remorso.

__ Coisas, moço, são coisas.

Pessoas são pessoas.

Não confunda mais as duas coisas.

Olhe de novo para mim.

Olhe para a senhora que está escolhenco edredons.

Veja que queremos florescer como as plantas. E nos cercarmos de beleza, como a natureza. E nos permitirmos definhar, como os lírios do campo. Que nem tecem nem fiam, mas que tombam sobre suas hastes no momento certo, sem um ai, sem um pio ou uma queixa. Sem deixar pra trás uma herança enorme de enxovais eternos.

Nádia Daher

Blog: nádia daher: poesias, coisa & tal

segunda-feira, 9 de junho de 2008

A TUA ESPERA

Sinto a brisa da noite,em meu rosto.

Bate no meu rosto sereno.

como que a murmurar ...

a tudo poderás reerguer.

Tua ausência é meu tormento!

Tua ausência doe-me como ferida.

Feita a ferro em brasa...

Estou sempre a tua espera,

sem perder as esperanças na promessa....

...poesia. poeta. saudade. sonho. vida.

Anterior.

Próxima .

"Em busca do horizonte."..

A magia da poesia é encher a LUA VAZIA,

Aproximar O TEMPO DISTANTE!

Te espero em nosso cantinho,

Volta,

Te aquietes em mim ...

Meu coração sempre o amou.

Nazaré Varella

Blog: SONHOS

segunda-feira, 2 de junho de 2008

ALMA LIVRE

Sinto minha alma livre no universo,
Sinto o universo livre em minha alma,
Assim engrandeço e rejuvenesço,
Minha fé, minha alegria, meu amor.
Dou assas ao meu ser, sem saber aonde parar,
Vou sem pensar, e sei que vou contemplar
O brilho do lugar que minh'alma alcançar,
Voa alma, voa alma, continue em frente.
Saio de mim a todos os momentos que preciso,
Sem medo, sem preocupar aonde parar
É preciso voar é preciso continuar sem cessar
Não posso parar.
Felicidade, fé e amor, são luzes que me guiam,
Por isso tanta euforia, tanta alegria
Por isso tanta convicção de ir e não parar
Eu os encontro mas tenho que compartilhar, não posso parar.
Compartilhar o amor, que delicia
Compartilhar minha fé, que beleza
Compartilhar minha alegria de ser feliz,
Tudo é desafio mas é preciso, vou em frente.
Contudo é que me faz ter a convicção de que
Minha alma sempre estará livre no universo
O universo sempre estará livre em minh'alma.

JMAGRAOp.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Karla Danielle®

*
Aqui você encontra
uma deusa,uma louca
uma menina,uma mulher
quem sabe uma qualquer.
Qualquer plano
qualquer traço,
me embaraço
me desfaço
no cansaço
de ser oque se é.


*
Pus meu coração nas mãos de um homen,

Pus meu coração, minha emoção, minha razão...

Coloquei-me inteira de corpo e alma,

Pulsava minha vida em suas mãos ...

Mas ele nem notava.

Meu coração esmagava,

Nunca soube o quanto eu estava presa,

Entregue, rendida, indefesa.

Até de mim mesma,

Pois loucuras fiz.

E as faria novamente

Se pudesse eternamente,

Em seus braços ficar.


*
Porquê a rosa? Porquê é flor

Por puro e imenso amor. Porque é luz,é vida, é côr...

Por tudo e por nada. Sutil o fio da espada, que atravessa a força armada,feri e mata. Morrer... ah morrer de amor pela mais línda flôr, mas não morrer de fome, de miséria, de violência urbana. De depressão por não poder fazer nada, contra o golpe dessa espada, apontada para o meu pescoço. Um poço, um poço profundo, de lamúrias insolúveis. Pois já não há mais nada. Só o golpe da espada, que feri e mata.

Por isso rosa, rosas brancas da paz, rosas amarelas da amizade, rosas rubras do mais cálido amor, rosas da côr de rosa, da inocência pueril que comigo tráz a esperança do amor entre as nações...

Karla Danielle.®

Blog: Rosas Cálidas

segunda-feira, 19 de maio de 2008

VISÃO

Quando te vejo

Meu dia se ilumina

tua presença doce me fascina

teu sorriso me anima, alucina

e minha tristeza logo se termina.

Quando te vejo

Meu coração como pluma fica leve

Minh'alma branqueja como neve

meus olhos te seguem de um lado a outro

minha dor se abranda, torna-se breve.

Monumento de beleza interna e externa

meiguice quase pura aparência terna

tranqüilidade que nunca se altera

e um mistério em ti encerra...

Não sei se por trás disso tudo

está a bela ou a fera, só sei que

Quando te vejo

meu metabolismo se altera,

e minha felicidade tudo supera.


©Valter Montani

Blog: Valter Poeta

sábado, 17 de maio de 2008

Sobre o seu sono

Deixa eu velar teu sono
espantar teus medos.
Apago a luz, mas deixo a estrela.
Quer que eu te cubra
com os meus cabelos?
Espíritos noturnos
não alcançarão teu leito.
Dorme, dorme,
eu tomo teus pesadelos,
coloco-os numa caixa
e transformo-os em vento.
Fecha teus olhos
que lá fora urram as horas
mas aqui dentro
eu é que comando os segundos
e teço o silêncio.
Dorme... dorme...
que quando a noite morre,
e teu despertar floresce
meu corpo descansa
no novo dia que amanhece.

Priscila Mondschein

Blog: "A arte é o lugar da liberdade perfeita..."

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Mather Incorrigibile

É este estado intenso de gratidão e ternura.
De candura e silêncio. Esta fórmula simples
de quem se anula - e é forte - quase sempre;

(metade de todo o mundo seria pleno, perfeito,
para teus filhos galgarem compassos seguros
nos destinos que escolhesses rumo às alturas).

Este jeito imenso, passos lentos, baixa estatura.
O modo de abrandar - meu espírito impulsivo -
quando vergo o verbo quente e aceso pelas ruas.

É que me tens pelas mãos; sabes me dizer não
desde a infância distante, as lembranças puras.
É esta fortuna que trago. Nunca sei como pago

ao Dono de tudo; ter frutas frescas no deserto:
um bem cheio de mistérios...
.......................................em mãe se configura.

Walter Ramos de Arruda

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Para Sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 2 de maio de 2008

As duas faces

O céu desperta límpido,
Pássaros fulguram o cenário,
E a alegria de viver,
Invade o peito martirizado.

Sob a luz da escuridão,
Uma brecha se instala ali,
Promovendo uma revolução,
De cores brilhantes e afins.

O arco íris estampa colorido,
Pois o cinzento não há,
Deixando o sorriso maroto,
Naquele rosto reinar.

O sol brilhante aquece,
Aquele frio cortante e gélido,
Sinais de fumaça dissipam,
Abrindo o azul figurativo.

Flávia Guimarães Nogueira Marinho


Comunidade, 28 de Abril de 2008

sábado, 26 de abril de 2008

DOLCEMENTE

Quando o silêncio era a resposta esperada
Uma melodia surge do nada
E mais outra, e mais outra
E de repente a música se faz presente
Dolcemente

Um novo som por mim desconhecido
Mas que consigo tocar por inteiro
Começando em dó menor
Prosseguindo num Sol bem Maior.

É você aqui, agora, tão perto,
Desvendando meus acordes
E eu, perdida em seus movimentos
Tão certos

Sussurando-lhe em pianíssmo
Amami per sempre,
Dolcemente
Io arrendo a te.

Karla Julia

Site Campo de Orquídeas
Blog Campo de Orquídeas By Karla Julia

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Eduardo de Paula Barreto

PORTA

Passaram-se as horas, nem percebi,
Parecia não haver nada além das paredes,
Afastei os lençóis com os quais te cobri,
Inundado por ti, ainda me senti com sede.

Desejava que nossa existência se restringisse ao amor,
Eu não queria ter que voltar ao mundo real,
Pois envolver-me em ti me fazendo de cobertor
É como construir o meu paraíso pessoal.

O teu olhar sonolento e aquela voz rouca,
A tua mão suave e tão carinhosa,
Irresistível atração que me faz beijar tua boca,
Transformando um pequeno quarto na mansão mais suntuosa.

Acho que estamos condenados a morrer de amor,
Mas para mim nada mais importa.
Morrerei feliz mesmo que isso me cause dor,
Mas me recuso terminantemente a abrir essa porta.


ME RENDO

Não consigo dominar o meu pensamento,
Sinto-me profundamente irritado.
Só penso nela a todo o momento,
Terá meu cérebro sido roubado?

Incomoda não ter o controle total,
Não conseguir fechar as portas e janelas
Impedindo que de forma irracional
A cabeça seja invadida pela imagem dela.

Dormir na tentativa de fugir
É uma estratégia inútil,
Assim que fecho os olhos a vejo surgir
Até no sonho mais besta, mais fútil.

Mas que raiva eu sinto de minha fraqueza,
Não é justo que as coisas sejam assim,
Ou me submeto a ela como uma fácil presa
Ou ela me pune permanecendo dentro de mim.

Sou homem forte, maduro,
Mas reconheço que não adianta lutar
Contra o sentimento mais puro,
Me rendo, me curvo diante do verbo amar.

Eduardo de Paula Barreto


Site "O POETIZADOR"

sábado, 12 de abril de 2008

Soninha Porto

SEDE

Borbulha o champagne
vultos se amam
embriagados de gozo

misturas de pele
suam taças
em essências e mel

química perfeita
desejo do abraço

dança a cama quente
bebe o suor
até que a sede
se satisfaça.



VIBRAÇÃO

pés machucam
tapete de acácias azuis
o maior barato

vibram pele-flor
incontidos amassos
vomitam cheiro de mato

Soninha Porto

Blogs:
OLHAR À FLOR DA PELE
ESPAÇO ABERTO: CONEXÃO POESIA

segunda-feira, 7 de abril de 2008

EU LONGE

Choro sozinho
só eu sei o que me causa dor
sobre minha alma
almas desconhecidas
olho o céu e não vejo estrelas
ouço o mar bravio levar minhas vontades
não é verdade o que falam de mim
é tudo real o que invento
entro e me jogo
grito e emudeço
eu sei o lado certo
não sei acertar no alvo
só palavras desordenadas e um dia frágil
vou amanhecer e terminar meus dias
deixar de lado minha própria companhia
não me agrado
não me guardo
sou presa fácil
e minha saudade morreu
durmo e sonho
acordo e meu pesadelo está vivo
só tormentos e sensações
mistérios infindos e uma total falta de ar
vago e sei ouvir meus gemidos
chamo por anjos e demônios
não consigo erguer minha fortaleza
quando tudo estiver brilhante
vou hastear meu corpo e achar minha imensidão.

Walbes

Comunidade, 04 de Abril de 2008

sábado, 5 de abril de 2008

ALTAS HORAS DA MADRUGADA

Altas horas da madrugada
O sono não vem, pensamento voa
Sinto-me como as folhas de outono
Voando ao sabor do vento, ao relento
Já amarelas, desamparadas, sofridas.

Foram lindas, verdes, cheias de esperança
Dançaram felizes, junto às flores na primavera
De madrugada eram banhadas pelo orvalho
Assim era eu... bela e esperançosa
Sempre bailando pela vida à fora.

Altas horas da madrugada
Estou mergulhada em meus devaneios
Sinto-me como um lindo violino
Que abrilhantou tantas festas
Com seu doce e nostálgico som
Hoje, com as cordas quebradas, desafinado
Foi posto de lado... num canto esquecido.

Altas horas da madrugada
Sonho acordada, com tempos passados
Como as folhas de outono desprotegidas
Cá me encontro desagasalhada de amor
Como um violino já olvidado
Sinto meus sonhos perecer
Só restou saudades, solidão e dor.

Marielza Hage

segunda-feira, 24 de março de 2008

DISTÂNCIA

Sinto-me assim:
Como um vento prêso
Como um pássaro perdido
Como uma rosa morta.
Preciso libertar-me logo de tudo
Não posso viver assim.
Quantos,quantos assim têm vivido
neste astro inconquistado
onde nossas vozes não provocam ressonância?!
Quantos?!
E quando acordam
Vêem o horizonte que separa as vidas
e que as ajuntam na infernal distância...

Nazaré Varella
(Niterói, 04 de outubro de 1973.)

Blog SONHOS

quarta-feira, 19 de março de 2008

TEMPO DE MORANGOS

_ Tira a mão daí! Larga esta batata! É pro almoço. _ E a deliciosa batata frita esfriava no fogão, enquanto o arroz, o feijão e o bife ficavam prontos... Quando ia pra mesa, estava murcha, chocha e a mãe queria que ele comesse: _ batata faz bem pra saúde... Puro carboidrato, amido... E ele mastigava tristemente o amido, a saúde, não o sabor delicioso da batata quentinha quando sai do fogo.

Nos aniversários se sentavam todos em volta da mesa a enrolar brigadeiros. Ai de quem comesse unzinho só. Eram pra festa. E na hora da festa convidados esfomeados enchiam os bolsos com os desejados brigadeiros. Para as crianças da casa não sobrara nenhum.

As melhores roupas eram para os domingos quando não viam nenhum amigo, nem a garota da escola que queriam impressionar. Como se elas fossem se gastar, se consumir, eram usadas e guardadas para as ocasiões especiais... Ora, ocasiões especiais são as do dia-a-dia. Como saber quando surgirá uma ocasião especial? Quando poderá acontecer da garota mais bonita sorrir pra você e você se sentir assim, bonito e bem arrumado, só domingo? Só feriado?

A mãe, ocupada com a casa, o pai, ocupado com o jornal, seus particulares pensamentos. E o menino vaga entre um e outro, tentando chamar a atenção, inutilmente. Que perda! Os pobres pais, se soubessem aproveitar esses momentos únicos de afeto e intimidade ao invés de passar novamente a vassoura na casa já limpa. Ou ler as mesmas fatigantes más noticia. Ou fazer o que quer que seja sem incluir o amor do menino e os seus grandes olhos tristes. Anos mais tarde, quando ele adolescer, juvenescer, adultecer; quando casado ou formado for pra bem longe, um lugar inacessível qualquer, sem volta para casa, quantas lágrimas de saudades inúteis_ melhor terem aproveitado o tempo da fruta quando era o tempo da fruta. Inútil pedir morango no inverno...

A triste lição do adiamento da felicidade para quando a felicidade não for mais possível: guardar o bolo de aniversário para depois do almoço e depois do almoço ele já estar azedo. Deixar o bife secar na frigideira porque o pai não chegou ainda e quando ele chega já é tarde demais pro bife. Deixar a vida transcorrer sem buscar o melhor dela, e ao querer abraçá-la ela ter se esvaído no ralo da velhice, do cansaço, da doença. A herança que a tia vai dividir fica pra depois. Jovens não sabem gastar. E quando a herança vem, os jovens se fizeram velhos e já nem sabem como gastar...

Quanto desperdício da beleza da vida! Quanto adiamento desnecessário! Dá licença? Peço permissão para enfiar a mão na panela e comer a batata frita ainda quente. No almoço não a quero. Mais tarde não a quero. Quero agora. O tempo é agora. Deixe-me usar minha melhor roupa às 7 horas da manhã de quinta feira, se sujar eu lavo, se estragar, paciência. Comer a sobremesa enquanto não tenho diabetes, com bastante calda, cobertura, creme. Amar enquanto meu coração bate acelerado, mesmo que a pessoa não seja conveniente. Dormir enquanto dormir é um prazer e não tenho insônia. Gastar meu dinheiro, meu tempo, minha energia enquanto respondo ao chamado dentro de mim que diz _ Viva!

Que nunca seja tarde demais. Nem pra mim, nem pra você.

Nádia Daher


Blog nádia daher: poesias coisa & tal

sábado, 15 de março de 2008

O AMOR, OS DESERTOS E OUTROS ASSUNTOS SEM MOTIVO ALGUM

Nunca cheguei a concluir se os desertos podem ser caracterizados pela abundância ou pela carência.
Não me parece que a enorme quantidade de cloreto de sódio no Salar de Uyuni ou a fartura de areia no Nefud são fatores que os colocam na lista de desertos.
Estou mais propenso a crer que é a ausência de certos elementos que definem tais posições.
Talvez, se conseguir encontrar uma resposta, possa por analogia compreender a solidão da alma.

Apreciava na varanda o belo eclipse lunar quando escutei pelo telejornal que o presidente Lula em defesa da ministra Matilde, demitida dias antes, argumentou que ela apenas cometeu uma 'falha administrativa' ao utilizar o cartão corporativo em lojas de shoppings centers em benefício próprio.
Voltei a admirar a lua, embora com menos entusiasmo.
Já sem entusiasmo, melhor dizendo.
Puto da cara, na verdade.
"Estás a brincar comigo, meu Deus?" - indaguei num murmúrio.
Só pode ser mesmo gozação do Divino.
O cara é presidente do país e fala que meter a mão no dinheiro público é 'falha administrativa'.
Ou eu estou ficando louco ou o Onipotente está mesmo a gozar de mim. Das duas, as duas.
Procurei logo ver se o Austregésilo estava por perto.
Austregésilo é um gato que crio e pelo qual já não tenho muita estima, mas que bem me serve para momentos de desabafo. Quando escuto aberrações como essa e ele está em meu colo, sempre lhe torço o rabo.
O bichano estava atrás do sofá com apenas a cabeça à vista e, parecendo ter escutado também a notícia, olhava-me de soslaio. Preocupado até, eu diria.
Eu já não quis mais saber da porra do eclipse.
Pus-me a andar de um lado para outro da sala, sob o olhar atento do felino e coçando asperamente meu desprezível (no momento) saco.
"Então já não bastou o que essa ilustríssima ministra alegou semana passada, meu Deus?".
"O Senhor não ouviu ela dizer que foi mal aconselhada na utilização desses cartões?".
"E que, inclusive, tratou logo de exonerar os tais assessores que mal lhe informaram?".
Como se essa senhora desconhecesse que o dinheiro público não pode ser usado em sex shoppings ou coisa assim.
Claro que ela não citou os nomes dos assessores demitidos e ainda alardeou que todo o estardalhaço que se fez por essa 'falha administrativa' foi mais uma prova de racismo do povo brasileiro, já que a mesma tem origens no continente afro.
"O Senhor quer mesmo me castigar".
"Zombar de mim".
Só reclamamos então por ela estar metendo a mão no dinheiro público porque ela é de cor.
"Essas pessoas são as mais altas autoridades dessa nação, meu Deus".
"Não podem ser tão ignorantes, salvo se o Senhor esteja querendo testar os meus limites".
Tudo bem! O Lula é semi-analfabeto, mas precisava ser tão estúpido?
"Já sei. O Senhor vai dizer que estúpidos somos nós que votamos nele".
E não posso discordar.
"Não posso, embora eu Lhe afirme que nenhum eleitor do Lula o contrataria para gerenciar um mísero carrinho de cachorro-quente se dele viesse a fonte de sustento desse eleitor.
Quero ver.
Quero ver quem contrataria o Lula para gerenciar a sua empresa. A ele e a todo o seu 'estado-maior'.
Imagina. O Lula na porta falando merda e o Dirceu, Palocci, Genoíno...Todos do lado da máquina registradora. Bem coladinhos no caixa.
Não creio mesmo que o contratassem.
Outro dia ele falou que o problema do caos aéreo iria ter prioridade zero.
Putaquepariu.
Prioridade zero para um assunto que necessitava urgência.
Deu-me mesmo vontade de esganar o Austregésilo.
_ Senhor Presidente. O zero não é nada. Prioridade zero significa nada.
_ O Senhor nunca ouviu falar no programa do ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, que se chamava 'tolerância zero'?
_Isso significava dizer que não haveria mais nenhuma tolerância com os criminosos.
_Não foi o senhor mesmo quem criou o fantasioso programa 'Fome Zero'?
_E isso não era para o povo pensar que não haveria mais fome durante o seu governo?
_Da mesma forma, meu querido presidente, prioridade zero significa dizer que não há nenhuma prioridade em tal matéria. Pode ser feita na hora que melhor aprouver.
_Olhe como é fácil entender.
Tolerância zero - Não haverá então tolerância.
Fome zero - Não haverá mais fome.
Prioridade zero - Não haverá nenhuma prioridade.
_O zero é a absoluta nulidade, se assim posso dizer e imploro que tenha a consideração de aceitar o que lhe digo.
Mas talvez os desertos se formem pela intersecção de fatores inexistentes.
Não creio, todavia, que eu possa ser entendido nessas poucas linhas.
Vejo o Amor como um deserto de sentimentos.
Tão inóspito quanto a calota polar.
Não entendo porque o qualificam como sentimento nobre.
O Amor não é tão nobre quanto se apregoa.
Talvez haja o mesmo número de tragédias decorrentes do Amor quanto do Ódio.
O genocídio de Hitler não foi por amor à pátria mãe?
Não há um dia sequer que não haja um crime passional.
Talvez argumentem que nem tudo isso deveria ser chamado Amor, mas existem outros nomes, então?
O amor filial, fraternal ou infernal não difere muito dos carnais. Só permanecem incólumes enquanto não houver desinteresses. A História prova isso.
O Amor é puro interesse.
Dificilmente a Daniela Cicarelli aceitaria casar com o Ronaldo Fenômeno se ele não fosse o 'Fenômeno'.
E quem disser que tal casamento não foi por amor estará chamando-a de vagabunda.
A Mônica Veloso jamais seria amante do Renan Calheiros se ela não soubesse o retorno financeiro que tal relação poderia ter.
Interessante observar que o vocábulo amante, derivado de amor, possui em certas formas uma conotação depreciativa.
A Marisa ganhou uma senhora bolada com esse romance.
De sobra, tornou-se uma escritora renomada com a publicação da didática obra "O Poder Que Seduz".
O Renan, coitado, foi que se fodeu.
Viu a conta bancária reduzir bastante com esse amancebamento.
O prestígio foi reduzido a quase nada.
O estrago poderia ser maior, contudo, se nossos parlamentares não concluíssem que o bichinho era inocente de tudo que lhe acusavam. Pode agora ir atrás do dinheiro perdido, então.
No lugar dele eu começaria escrevendo um livro também.
O título? "O Foder Que Reduz".
O Amor precisa de amparo.
Ele desaba totalmente quando perde seus alicerces.
A Suzana Vieira casou com aquele rapagão décadas mais novo que ela, certamente por amor.
Nesse caso o amor alicerçado pelos interesses carnais.
É mais fácil amar um humilde jovem garboso do que um velho cheio de carnês das Casas Bahia e desanimado até para a Nicole Kidman.
Porque o Amor é um investimento. Necessita retorno.
A Suzana fez um investimento e espera que a cotação do garoto não baixe.
Vão criticá-la por comprar o rapazola?
Ora, é melhor pagar pelo bolo do que comer merda de graça.
O Amor é uma questão de ponto de vista.
Ou mesmo de nada enxergar.
Por isso são comuns expressões como: 'Não sei o que ela viu nele?' Ou 'Que mulher horrível, mas tem pernas maravilhosas'.
Nos maquiamos para o amor.
Com fragrâncias artificiais damos ao nosso corpo um odor que ele não tem.
Procuramos ser mais do que realmente somos.
Mentimos.
Então o Amor necessita de formas belas e prazerosas.
Isso não me parece muito nobre.
Sem amor nos sentimos um pouco como em desertos, embora amando também podemos nos sentir abandonados num saara.
O Amor é a fuga dos desertos.
Só quem tem alma de beduíno não precisa muito de amor.
Nos desertos de areia, no entanto, urina de camelo pode ser vista como água cristalina e isso faz com que pessoas humildes, de idade avançada ou de aparência 'duvidosa' também possam ser amadas.
O Amor é um sentimento efêmero.
Quando insiste em permanecer, na maioria dos casos é apenas acomodação.
Podemos facilmente deixar de amar alguma pessoa e passar a odiá-la.
Quando a odiamos é quase impossível um dia amá-la.
Interessante como isso parece fazer sugerir que o Ódio é fiel e o Amor leviano.
Os sentimentos de rejeição são convictos por natureza. Quando não gostamos de alguém, não gostamos e pronto. O mesmo não se dá com os ditos sentimentos sublimes e por isso é comum expressão do tipo: "Eu realmente não sei se o amo".
O Amor é a mesquinhez da posse.
Você se espantaria ao ver como muitas mulheres abandonariam seus imprestáveis maridos se não tivessem medo que outras os pegassem.
O Amor cobra reciprocidade. Até a mãe mais afetuosa lamenta o filho ingrato.
O amor platônico? Ora, ele busca a sublimação da alma. O engrandecimento do 'eu'. Sempre a necessidade de algum retorno.
O amor a Deus? O temor ou a busca pela salvação eterna.
Novamente algo em troca.
A cara-metade? Num mundo de mais de seis bilhões de seres humanos a probabilidade de você conseguir de forma acidental encontrar a sua alma gêmea faria Laplace se contorcer no túmulo.
Quer saber onde se encontra a sua cara-metade?
Procure na outra metade da sua cara.
Comemos o que nos é posto à mesa.
Outro dia explico melhor esse sacrilégio, contudo.
Não serviu para nada a medida provisória do governo que proibiu a venda de bebidas alcoólicas nas rodovias federais.
Pelo contrário. Parece até que aumentou o número de mortes decorrentes dessa causa. O que não é de admirar.
Medida provisória tem força de lei e poucas vezes me deparei com uma tão estúpida quanto essa.
O deserto de cabeças inteligentes do governo do PT.
Primeiro é preciso entender que há necessidade de urgência para uma validade constitucional numa medida provisória e não houve nenhum fator que justificasse essa urgência. Morre-se em decorrência de acidentes causados por motoristas sob efeito do álcool na mesma proporção que antes da medida. Ademais o maior número dessas mortes não acontece em rodovias federais, sem falar que já existe leis para 'conter' tais acidentes. Tais leis são ineficientes, contudo, pela ignorância de nossos legisladores.
O Direito precisa ser auxiliado pela Matemática para que deixe de ser uma ciência tão vaga.
Tenho como certo que progressões aritméticas, a Teoria das Probabilidades ou uso de equações prestariam melhor serviço ao Direito do que essa verborréia latina de que se utilizam nossos juristas.
Acho até que deveria ser proibido o uso do latim em questões judiciais.
Ora, as leis são feitas para o povo e se perguntarmos a um simples brasileiro o que é 'ad vindictam', ele vai perguntar se isso é de comer ou de beber. Ou pode até ficar preocupado por imaginar que talvez seja algum remédio de aplicação anal.
As leis precisam ser claras e sem interpretações diversas.
E o Lulinha se esqueceu que policiais rodoviários não estão autorizados legalmente a fiscalizar estabelecimentos comercias e, principalmente, multá-los. Um agente rodoviário multar um comerciante é ilegal, imoral e engorda a conta bancária de muitos desses.
Nem quero expor a questão de que não se pode penalizar terceiros por crimes de outros, como sobrou para os comerciantes.
O que o governo fez foi criar um comércio paralelo e totalmente ilegal para a venda dessas bebidas pelas nossas estradas.
Já tá cheio de barracas à beira das rodovias vendendo uma gelada.
A lei causou um efeito contrário. Até aproximou mais a bebida do motorista. Agora ele nem precisa sair do carro.
Querem reduzir o número de acidentes devido ao consumo de álcool?
Esqueçam o latim, então.
Usem a Matemática.

Poucas vezes fiquei tão entristecido quanto com a morte do Bobby Fischer.
Amei-o ardorosamente quando criança.
E quão belo é o amor de uma criança.
Só a ingenuidade não investe no amor.
Aos dez anos eu passava madrugadas transcrevendo suas partidas.
Fischer foi o Mozart do Xadrez assim como talvez Alekhine tenha sido o Wagner.
Suas partidas são como telas de van Eyck.
Nunca fui muito com o cubismo, embora aprecie bastante a fase rosa de Picasso.
Guernica bem poderia ter sido pintada em uma sala de jardim de infância na hora do recreio.
Os quatro movimentos que se seguem ao sacrifício da dama na célebre partida de Fischer contra Donald Byrne bem lembra os dois compassos que substituem o suave minueto ao dramático terceto de Elvira, Anna e Ottavio no "Don Giovanni", de Mozart.
Uma explosão de talento.
Aos catorze anos Bobby já era o campeão americano.
E poderia ter sido campeão mundial antes dos vinte, mas o gênio inquieto o fez esperar um pouco mais.
Sentia-se perseguido pelos homens.
Mandou extrair todos os dentes por imaginar que a extinta KGB tivesse colocado um microfone em um deles quando de uma ida ao dentista.
Estava sempre a brigar com os adversários e os dirigentes da modalidade.
Só disputou o Torneio dos Candidatos, em Palma de Mallorca, porque o Grande Mestre Pal Benko, com quem tive o prazer de passar quatro das melhores horas de minha vida, cedeu-lhe a vaga.
E o raio caiu em Mallorca.
Massacrou a todos, perdendo apenas uma partida.
Depois veio Taimanov.
Enfiou seis a zero.
Seis a zero em um TOP 10. Um escore nunca alcançado.
Larsen seria a próxima vítima.
Outro seis a zero.
Seis a zero em um TOP 5. Um fato nunca imaginável.
Petrossian capitulou em seguida de forma mais honrosa. E Spassky, em uma das partidas do match final, junta-se à platéia para aplaudir o novo campeão que acabara de o derrotar.
Dezenove partidas consecutivas com vitórias em cima de grandes mestres.
Um fato único na história do xadrez e que talvez nunca seja igualado.
A chance é de uma em três elevado à décima nona potência.
Isso sem considerar que mais de dois terços das partidas disputadas entre grandes mestres terminam empatadas.
O QI de uma pessoa mediana está em torno de 100 e encontrar alguém com 150 já é bastante improvável.
Fischer tinha QI de 192 na escala de raridade Stanford-Binet.
Houve quem falasse em 198 ou até mesmo 200.
Depois de conquistar o título mundial, sumiu.
Recusou uma fortuna na época para defender o título contra Karpov.
A maior soma que já tinha sido até então oferecida a um desportista em qualquer modalidade.
Sumiu, no entanto.
Bem louco mesmo.
E é loucura sequer imaginar que dez anos depois da tragédia do Palace Dois, ainda tem vítima que não foi amparada pela nossa justiça.
Não dá para acreditar.
Tem ex-morador que já até faleceu.
A justiça brasileira é mesmo uma merda.
Agora sei porque usam toga no Supremo Tribunal.
Proteger o paletó do estrume que é lançado pela sala.
Mozart via cores nas notas musicais.
Pitágoras via números.
O Ministério da Educação manda ensinar a Teoria dos Números usando expressões como conjunto vazio e conjunto unitário.
Putaquepariu.
Conjunto vazio?
Será que não tem um distinto nesse ministério que saiba a definição da palavra conjunto?
E unidade jamais forma igualmente um conjunto.
O absurdo da incoerência.
Todo esse Brasil é incoerente.
A vida é incoerente.
As estátuas que homenageiam políticos deveriam ser sempre sedestres.
Os desertos são incoerentes.
Com a morte de Fischer me senti ainda mais deserto.
Regiões muito quentes se tornam inóspitas porque o calor abafa a vida.
Não obstante haver pouca vida em lugares frios.
Porque vida é calor.
E o calor da vida é o Amor.

Sombras Somente

Blog Sombras Somente

quarta-feira, 12 de março de 2008

APAVORANTE

Descalço meus pés neste chão
enquanto ardo em céu aberto
procuro cores vivas
e morro na hora certa
não há mais indícios
não há mais água pra matar a sede
revelo meus mistérios
e abro a solidão escondida sozinha
talvez eu alcance o deserto
talvez eu revele os nomes das estrelas
me arrasto e minha alma afunda
só enganos e decepções
queimo minhas palavras e sossego
trituro meu silêncio
meus instantes apodrecem
sou capaz de brilhar de tanta dor
semeio pragas
plantações de gelo
avalanche de mim
solidão dilatada e derradeira
a dor cresce e eu me apavoro
trovejo e abalo minha calma
um riso sem graça me faz chorar
nada mais pra fazer
sozinho e fora de mim
bebo minhas últimas gotas de loucura.

Walbes
(Membro da Comunidade do Orkut)

Scrap, Terça-feira, 11 de Março de 2008
Obrigada, Walbes!

segunda-feira, 10 de março de 2008

Soneto da primavera

Olhe para os lírios que estão em sua volta,
Aprecie bem o mais perfumado jardim,
A primavera chega, os pássaros cantam, aqui, ali...
E eu te digo: no mar vejo as gaivotas!!!

Assim como os penhascos,
Existem caminhos
Para estar contigo, e ser mais um amigo,
Prestes a estar ao seu lado.

Pergunto-me eu atônito, por onde andas tu?
Bate no meu coração angustiado uma saudade,
Pois jamais te vi em lugar algum.

Explode meu coração de felicidade,
É festa, é alegria, vem gente do Norte ao Sul,
E você uma pessoa amável, cheia de grandes amizades!!!

Marcelo Gabriel
(Membro da Comunidade do Orkut)

Comunidade, Quarta-feira, 27 de Setembro de 2007

quinta-feira, 6 de março de 2008

Assim é meu amor

Cada vez que te vejo
meu coração dispara
aflorando emoções esquecidas
de uma vida que acabara

O brilho do seu olhar
iluminando meu coração;
Um louco desejo de te amar
faz-me perder a razão.

Tu és minha verdade
minha razão e meu ideal
és a perfeita realidade
de um sonho irracional.

Materializou-se afinal
o sonho e a fantasia
mais que um desejo carnal
tu és a própria magia....

LUIZ FERNANDO COSTA DAHER

(Membro da Comunidade do Orkut)

Comunidade, Sexta-feira, 30 de Outubro de 2007

quarta-feira, 5 de março de 2008

DESNORTEADO

Sem controle
sem radar
razões desnorteadas
mãos atadas e um grito abafado
mau olhado e orações
perdões imperdoáveis
são afáveis os gestos
diabólicas as intenções
caminhos fechados para apagar a luz
tudo seduz
ofusca
nada se busca
no fim do túnel
medo e perigo
castigo sangrento
ventos ruivantes
é o fim
o começo de tudo
o nada
todos a postos
a perder de vista
corações maculados
somos pobres coitados
e as horas voam
esfrego meus olhos
morro de frio
acabo nascendo de novo
pedindo socorro
pedindo razão.

Walbes
(Membro da Comunidade do Orkut)

Comunidade, Terça-feira, 04 de Março de 2008